domingo, 18 de março de 2018

Final de Infectologia

Depois das mesas de março de 2017 ficou por finalizar a matéria de infectologia.
Apesar de amigos dizerem que era fácil em mim ficava um medo, Infecto é uma matéria de respeito, um tanto longa pra dar oral e complicava a parte de remédios, tudo sobre antibióticos que o professor tanto gosta de perguntar.
O complicado era que cursava o quinto ano de medicina e ia tentar em uma mesa de maio onde sempre as matérias disputam lugar com os exames, porem como já elogiei as catedras do quinto ano, não houve tanta baderna e muitas deixaram o caminho livre, sem falar que esse ano começou a valer uma regra que não se poderia mais tomar exame parcial 1 semana antes e uma semana depois das mesas de finais oque eu AMEI pois é importantíssimo na unlar o aluno tirar exames finais. Cada vez mais os centros de estudantes vão ganhando voz dentro da universidade e protegem o interesse dos alunos.
Então ia estudando organizadamente e avançando com segurança em Infecto.
Porem ai que tá o professor titular dessa matéria é ninguém mais que o Dr. Strasorier um cordobés imprevisível que sempre aparece com uma surpresa desagradável e é um enigma seus horários, vale lembrar que há 2 anos quando cursava essa matéria da qual ele é professor titular ele foi responsável por colocar um seminário um dia antes numa segunda de noite sem aviso prévio justo numa semana de exames, eu tive que abortar de render bacteriologia na manhã seguinte e me concentrar estudando para ir em seu seminário, ele também que inventava seminários aos sábados a 7 da manhã, pois então não deixou de surpreender dessa vez, os dias de exames finais que eram tradicionalmente as terças feiras sofreram um cambio radical para o sábado, ou seja era um sábado antes de começar a semana de finais e isso significava que tinha dias a menos para estudar, isso me pegou de surpresa e me atrapalhou todo no planejamento, eu bem tentei mas não consegui estudar tudo dentro de esse prazo e desisti de render, por sorte eu falei com a Bruna Santos, uma amiga brasileira que cursa comigo é um anjo e ela foi no sábado render e combinamos de apresentarmos juntos, porem na madrugada da sexta eu mandei mensagem pra ela falando da minha desistência depois de dar todo o gás anoite e perceber que não ia chegar com segurança intelectual para o exame pela manhã.
A Bruna foi se apresentou e se deparou com outra surpresa. O professor geralmente é o único que não faz a avaliação no hospital de clinicas da universidade senão que na sua clínica privada, pois ele apareceu lá no hospital como de costume mandou todos os alunos irem a sua clinica, chegando lá ele viu que eram mais de 30 alunos e disse que eram muitos então redistribuiu 10 pra cada dia, 10 naquele sábado, 10 na segunda e mais 10 na terça, porem todos teriam que assinar a ata de exames e deixar a livreta universitária pra ter que render sim ou sim, era sem volta, então a Bruna se deu o trabalho de ligar pra mim e avisar dessa ideia miraculosa do professor assim eu teria os dias extras que precisava para estudar para cristalizar essa matéria completamente na minha mente e desenvolver um exame oral sem maiores problemas. Eu atendi escutei toda essa barbaridade que vos narrei e me vesti rapidamente agarrei a moto e voei pra clinica essa de infectologia. Chegando lá estavam somente os alunos que iam render aquele sábado, pedi licença entreguei a minha livreta e assinei meu nome dizendo que me apresentava na segunda feira, voltei pra casa e tinha como que renascido meus ânimos, a estudar Infectologia!
Apos estudar bem lá estava segunda feira cedo.
Ficamos os 10 alunos sentados na sala de espera do seu consultório e com prioridade a seus poucos pacientes iam passando de dois em dois alunos. Em geral Dr Straso ia pedindo um tema pra começar o exame e depois perguntava outras coisas e aliado a isso sempre antibióticos.
Passei e fui um dos últimos, entramos ao consultório eu e uma outra companheira e o doutor perguntou que temas íamos falar a principio e eu disse o que preparei. Brucelose e a compa Sífilis, o professor atendeu o celular e saiu da sala, quando voltou disse, damas primeiro e começou a perguntar a aluna ao meu lado sobre brucelose. O professor tinha invertido nossos temas!!!
Ou seja ele ia perguntar tudo de brucelose pra ela e eu teria que me preparar para sífilis!
Sempre que vejo Imhotep que interpreta a múmia no filme The Mummy 1999 me faz lembrar o professor Strasorier

Pra piorar parece que a companheira não tinha estudado nada de brucelose, não sabia direito a clinica, o agente, epidemiologia, o professor com muita paciência até ia ajudando ela, até perguntar em qual animal era comum já que era uma zoonose. E ela disse sem muita certeza que era nas vacas. NÃO!
Então o professor começou a me perguntar oque lhe respondi que era comum a presencia em gado caprino. Então o professor disse da importância dessa doença na província de La Rioja e no noroeste argentino onde é endemica nessa população de animais, que era imperdoável ela não saber, ainda lembrou o tanto de vezes que ele explicou isso em aula e reprovou ela.
Foi minha vez então, falar tudo sobre sífilis. Agente, clínica, fases da doença, doses de tratamento, seja com penicilina G ou eritromicina, então o professor quis saber a dose de antibiótico endovenoso em neurosífilis oque me fez hesitar na hora de responder e no diagnostico cometi um erro ao confundir vdrl com fta-abs qual era para determinar o diagnostico.
Sem maiores problemas o professor começou a perguntar sobre antibióticos, cefalosporinas de 1°, 2°, 3° e 4° geração. Antibióticos anti-pseudomonas. Queria saber especificamente qual antibiótico dentro do grupo dos carbapenemos, que respondi que o ertapenem não tinha espectro anti-pseudômona até então. E lembrei bem ao falar das fluoroquinolonas que o próprio professor tinha insistido em aula teórica que eram mal prescritas sobre todo em infecções do trato urinário e isso ajudava a criar resistência bacteriana. O professor gostou bastante de eu ter lembrado disso. E é assim em um exame o aluno sempre tem que ter a inteligencia de se antecipar aos pensamentos do professor e se possível lembrar pontos chaves, como ele tinha dito da importância das aulas quis demonstrar que prestei atenção e a tática deu certo.
Então o professor fez uma ultima pergunta. Qual é o antibiótico que tem maior concentração no sistema nervoso?
Não fazia ideia de qual era. Pensei em neuro infecções e lhe respondi. Ceftriaxona, cefalosporina de 3ra geração. Ele disse que não era esse. Então depois de mais 3 antibióticos falhos e sem opções nem ideias já começava a entrar em desespero. Não é uma cefalosporina? Olha eu realmente penso na ceftriaxona. O professor me olhou e rindo disse que a ceftriaxona só concentra no sistema nervoso 50% dos níveis plasmáticos no sangue.
Já vendo que estava perdido ele decidiu me ajudar.
"É um antibiótico que atua com potencial redox."
Após pensar um pouco lhe disse, "é o metronidazol?"
E ele afirmou que sim. Lhe respondi que o metronidazol é usado em algumas infecções de transmissão sexual ou por protozoários, não tinha a menor ideia que servia também para neuro infecções. Mas o professor disse que sim o metronidazol era o de melhor concentração no sistema nervoso além de ser conhecido pelo que eu tinha citado. Me convidou a me retirar do seu consultório me parabenizando. Aprovado, um 7. Menos uma!

5 comentários:

  1. A universidade em lá rioja e tradicional e é PBL ???

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Este comentário foi removido pelo autor.

      Excluir
  2. Este comentário foi removido por um administrador do blog.

    ResponderExcluir
  3. Nossa, li tudo com muita atenção. Muito obrigada! Estou no 3 ano mas, confesso que fiquei estressada em ler a respeito de sua prova final. Parabéns por tudo! Muito orgulho de você!

    ResponderExcluir