quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Antes de Tudo

Eu vou voltar no tempo nesse post. Cumprir oque escrevi no meu segundo post de 8 de outubro de 2012 "Vida em La Rioja" Eu tinha digitado, "depois num outro post vou explicar porque e como vim parar aqui."
Porém eu vou mais além no passado... Por que eu escolhi medicina? Quando eu era pequeno eu nem sequer pensava em ser médico... Mas desde os sete anos eu meio que desenvolvi uma consciência critica. Me lembro que no primeiro dia do ano, na virada enquanto eu observava a queima de fogos me colocava a pensar... Oque eu fiz de bom no ano que passou? Eu ajudei bastante gente? Me comportei direito? Oque vou fazer nesse ano que começa? Uma coisa que eu acredito que me ajudou muito, um ano depois, foi o fato de eu morar com minha avó. Não sei se ela sofreu uma influencia muito forte da minha bisa, se é alguma raiz italiana supercatólica... mas ela era católica fervorosa e me meteu na igreja. A catequese e o fato de eu crescer no meio de pessoas velhas, creio eu, me influenciou indiretamente. Com 12 anos eu sabia que queria 3 coisas da vida. 1° Aprender ao máximo. 2° Ajudar o próximo. 3° Curtir a vida o/. Nessa idade eu já me preocupava com qual carreira escolher e lia um bocado, foi com 14 anos que eu li um livro do seu Toninho meu vizinho, não sei o nome da autora lembro que era mulher mas o titulo era "Médico de Homens e de Almas" contava uma historia fictícia da vida do apóstolo Lucas... Eu gostei bastante e comecei a pensar em ser médico a partir dai.
Tinha duas coisas que me fascinavam uma carreira na aeronáutica e uma carreira na medicina. Eu queria ser piloto caçador, ou seja que opera caças, aviões supersônicos, que desde moleque me faziam babar nas apresentações da AFA abertas ao público no domingo aéreo no campo de marte em São Paulo. Primeiro eu fui saber sobre ser piloto, vi como funcionavam os métodos de ingresso na Academia da Força Aérea e uma vez dentro no CFOAV (Curso de Formação de Oficiais Aviadores). Eu percebi que tinha um empecilho maior... O Exame médico tinha várias exigências e o olho do futuro aviador... pelo menos do exército, logicamente, tem que ser de 'águia'. E eu possuo astigmatismo, ou seja não consigo focalizar ao longe... astigmatismo leve... 0,50 no olho esquerdo e 0,75 no olho direito. O minimo tolerado no exame médico para a AFA era 0,25... Enfim depois de consultar médicos e pegar varias informações descobri que para cada olho uma operação custaria 3 mil reais e se uma vez dentro da AFA o exército descobrisse eu seria cortado imediatamente, além de não ter garantias dos médicos de sucesso na operação por meu astigmatismo ser muito leve mas não a ponto de 'águia', por mais que ficasse perfeito com o tempo o astigmatismo poderia voltar. Depois disso me resignei e abracei a medicina com furor. Ainda no ensino médio cursei técnico de enfermagem só pra sentir um pouquinho da área da saúde rs e depois que terminei o ensino médio comecei a fazer cursinho pré vestibular. Minha vó e toda minha família paterna não me davam apoio pra fazer medicina... Achavam que era muito difícil, coisa pra gente rica... E por isso com 18 (ano de 2008) eu foi morar com minha mãe que me dava apoio moral. Meu primeiro cursinho foi o Objetivo, foi uma lavagem cerebral... eu aprendi muita coisa que sequer tinha visto no ensino médio deficiente das escolas públicas do Brasil. Prestei vestibular nas principais faculdades de med de Sampa, a Usp, Unifesp e Unicamp. E no Ifsp mas para geografia por influência das aulas no cursinho. Resultado.. um banho de água fria, sequer passei pra segunda fase na Usp e Unicamp e na Unifesp eu praticamente deixei a prova discursiva de matemática em branco. Matemática sempre foi meu fraco rs. No de Geografia eu tinha passado, comecei o ano seguinte (ano de 2009) fazendo geo pelas manhãs e os estágios finais do técnico de enfermagem em hospitais pelas tardes, com 2 meses de curso de geografia eu abandonei... era totalmente diferente do que eu imaginava e da magia das aulas dessa matéria no cursinho. Voltei a fazer cursinho e no meio do ano terminei  o técnico de enfermagem e dei ouvidos pra minha família paterna que me desestimulava a fazer medicina. Larguei tudo no meio do ano e comecei a trabalhar de telemarketing bilíngue, foi um bom emprego, o meu primeiro mas eu não tinha parado por completo de estudar, estudava idiomas, alemão e inglês. E em um certo momento o horário do emprego não era compatível com o dos cursos e meu chefe não queria ceder. Eu lembro até hoje oque escrevi na minha primeira carta de demissão e o olhar de raiva do chefe. "Não vou deixar o emprego atrapalhar meus estudos." O ano de 2009 foi perdido, e depois de refletir por um tempo eu voltei em 2010 firme em busca da medicina, espalhei curriculum via web e correio por hospitais de São Paulo em busca da enfermagem pra bancar meus estudos em cursinhos caros para medicina. E deu certo. Nas minhas entrevistas eu sempre mentia.. era obrigado.. se dissesse que queria ser médico me cortavam. Diriam "Seu perfil não bate com o da empresa". Eu não gosto de mentir mas se não mentisse quem ia pagar meus estudos?? Com o emprego e bom salário garantido pela enfermagem eu voltei pro cursinho Objetivo fazendo um curso mais amplo e caro.
Av. Paulista  na altura do cursinho Objetivo... Boas Lembranças.
Dessa vez não era como a da primeira.. eu já sabia das coisas foi um repasso de toda a matéria e eu aprendia com mais facilidade. Porém o emprego não me dava muito tempo pra estudar, enfermeiro rala pra caramba rs. Me estressava com os médicos (atraso de prontuário), com a farmácia (atraso de envio de medicamentos decorrente do atraso do prontuário médico), com a administração do hospital (falta de materiais) e com os pacientes folgados (tem que explicar? Mil motivos... rs). Eu havia perdido o emprego um pouco antes do meio daquele ano (2010) Porque havia pedido uma folga de 2 dias pra ir fazer o vestibular de medicina da Ufsj em Minas Gerais e minha chefe descobriu que queria ser médico, ou seja... se eu passasse ela iria me perder obviamente, se eu falhasse ela teria que me dar folga pra fazer o Enem... a Fuvest... Unifesp... Unicamp... Unesp... Famema... Famerp... Ufscar... Essas são as paulistas... Eu tinha pretensões de tentar em MG, PR, SC e talvez RJ e RS. Dale folgas haha. Fui demitido depois de uns dias... Mas com o salário bom até aquele momento guardado todo na poupança e o fato de eu ter gastado o minimo com minha mãe me dando apoio em casa eu investi tudo que tinha ganhado em estudos. E foi a melhor coisa... No fim do ano mas foi por muito pouco que eu não tinha passado em medicina... mas ainda era preciso mais... E triste você ver seus amigos entrando na faculdade e você ficando... Pelo Sisu eu tinha passe livre em praticamente qualquer curso menos medicina... É tentador isso e eu tinha ganhado meia bolsa pelo Fies mas era medicina em uma privada de Manaus... E mesmo sendo meia bolsa era um valor muito além do que meus pais poderiam pagar mesmo com ajuda... Eu já tava sem dinheiro e ia começar 2011 tudo novamente... Em 2011 foi diferente meus pais, mesmo divorciados, se uniram e me deram apoio vendo minha teimosia de continuar tentando e me bancaram no cursinho pela primeira vez, eu iria para o meu terceiro ano de cursinho... Dessa vez eu fora para o cursinho da Poli, bem mais acessível economicamente para os meus pais. Nesse cursinho eu revi tudo de novo era um repasso eterno de um ano,  Eu me focava bem mais na matemática aplicada a "pedra no meu sapato". As aulas eram pelas manhãs mas eu ficava até a noite aproveitando que não tinha de trabalhar. No meio do ano eu tentei em Santa Catarina e foi a mesma coisa. É triste quando seus pais te perguntam. 'Eai filho como é que você foi na prova?' E você diz... 'Não passei... Mas foi quase. >.<' Nesse ponto eu já ia partindo para as faculdades particulares. Fazendo as contas de quantos mil iria dever ao governo, caçando algum fiador que pudesse oferecer seu 'pescoço' no caso de eu dar calote no futuro... Pense você... achar um fiador que tenha renda comprovada do dobro da mensalidade de um curso de medicina... Achar um fiador que tivesse uma renda de mais de 8 mil reais por mês e que se arriscaria por você... sem chance... Foi ai que apareceu a medicina na Argentina. Eu participava de fóruns de vestibulandos de medicina e encontrei o link deste site que é o da Eduarda à respeito, e mostrei para o namorado da minha mãe ao acaso. Nem passava pela minha cabeça ir pra Argentina... 'Muito caro...' eu pensava. Mas sem querer eu plantei uma sementinha na cabeça dele e ele passou pra ela sem me contar nada. Continuei estudando em 2011 até que próximo do fim do ano minha mãe me apresentou a proposta de eu migrar para a Argentina e tentar a medicina lá, ela me bancaria com o trabalho dela e o namorado dela bancaria ela.
La Rioja em uma manhã de dezembro.
Pois pois... Eu enrolei ao máximo tentei até os últimos dias limites de dezembro para dar a resposta se ia ou não pra assessora, fazendo os vestibulares no Brasil. Vendo que não ia passar eu migrei pra Argentina e ai que começa minha vida acadêmica em La Rioja e aqui neste blog que você está lendo. =)