domingo, 12 de abril de 2015

Dada a largada do 4° ano de medicina!

O Quarto ano é famoso por ser "O mais difícil da carreira" e "O ano com carga horária mais pesada".
A grade é divida pelas 3 matérias anuais.
Clinica Médica I (Semiologia)
Clinica Ginecológica
Farmacologia Básica
E por outras 8 matérias semestrais sendo no primeiro semestre.
Bioética
Radiologia e Diagnóstico por imagens 
Saúde Mental (Psiquiatria)
Clinica Infectológica
Clinica Oftalmológica
e no segundo semestre
Clinica Dermatológica
Clinica Neurológica 
e finalmente Saúde Pública 4.
Esse é o começo do ciclo clínico da carreira de med na unlar.
A primeira matéria do ano a estrear no mês de março logo depois das mesas de exames finais foi Clinica que vou chama-la carinhosamente de Semio. Com dois teóricos semanais e conformada por uma infinidade de professores pra tanto aluno é a principal matéria do 4° ano e responsável direta por barrar todas as outras matérias do quinto ano. Estimo que passamos uns 150 alunos do 3° ao 4° ano, dos 350 que sobreviveram ao exame de ingresso e se matricularam lá no ano de 2012, fora isso encontramos a catedra de semio contando com mais de 400 alunos... Ou seja mais de 200 recursantes que não conseguiram aprovar ou que deixaram o prazo de 2 anos para realizar o exame final dessa matéria vencer.
Os teóricos são as terças e quartas e levam de 2 a 4h cada, em uma frente as terças feiras avança a titular pelo tradicional e na quarta outra professora avança por outro lado da matéria completamente diferente, ou seja avançamos em duas frentes, dois professores dois temas e uma só matéria e um só aluno, e como se fossemos os alemães na segunda guerra mundial e de um lado temos todo o ocidente atacando e do outro somente a gigantesca Rússia, acho que se o quarto ano consistisse só em semiologia ainda seria pesado. Não entendo como na nacional de Córdoba ou na Usp essa matéria é dada em um semestre...fora os teóricos obrigatórios contamos com 3 práticas semanais de 3 horas de duração cada.
Nos práticos eu os tenho as segundas quintas e sextas. Na Segunda a partir das 16h ficamos no hospital de clínicas da universidade toda a comissão reunida e o nosso professor chefe de pratico nos da uma aula de reforço e no final aplica um exame sobre o tema da semana pra ver se todos estão levando a sério, em caso de desaprovação toma falta, 3 faltas = aluno livre e com o ano praticamente perdido.
Nos outros dias vamos ao principal hospital da cidade de La Rioja. A comissão é composta por 20 alunos e nos dividem em grupos pequenos de 3 cada, na primeira pratica fomos todos com o professor e ele conduziu a entrevista clinica com o paciente enquanto todos os alunos anotavam tudo.
Já no segundo e em diante nos separavam grupos de 3 e sozinhos íamos até o paciente e com toda educação e consentimento por parte de este se levava a cabo a entrevista clinica. Por enquanto sem exame físico só perguntas, fazendo a parte inicial da história clínica.

A quantidade de pacientes que já abordei foi um sem número e com histórias clínicas que estão bem vivas em minha memória mas só o fato de contar uma levaria como uma postagem inteira rs. Muitas me impressionaram. Em geral fazemos todo o questionário todas as notas depois rapidamente entre os três em algum canto do corredor do hospital ou em uma sala desocupada do setor de clínica médica nos reunimos, cada um dos 3 escreve sua história clínica e discute com o outro num lapso de poucos minutos e nos juntamos todos os 20 novamente com o professor e uma médica residente que o acompanha em uma sala de reuniões ali mesmo no hospital e se expõem os casos clínicos. Nunca, jamais, devemos soltar o diagnóstico, sempre temos que apresentar os sintomas que o paciente refere cronologicamente até o ponto atual e montar uma síndrome, um quadro de sintomas que o paciente apresenta e dai o professor vai nos perguntando algo acerca até nos aproximarmos de um diagnóstico presuntivo, oque foi mal escrito na história clinica ali mesmo o professor critica e arrumamos e oque não sabemos frente as perguntas do professor e da residente os outros alunos podem responder, apresentamos todos os casos clínicos, aprendemos muito e vamos embora, tudo em um lapso de 3 horas. Assim é com meu grupo pelo que escutei de outros amigos que estão em outros grupos é um pouco diferente, ou seja cada professor tem liberdade de fazer o prático como bem quer.
Farmacologia tem sido uma matéria relativamente tranquila, ela é massivamente conduzida por mulheres, da titular, as adjuntas e chefes de prático. Na sexta é dado o teórico e em seguida os trabalhos práticos,, não tenho muito que comentar dessa matéria, só que até o momento me encanta a atenção das professoras, como aprendemos, só elogios, mas estou recém começando vamos ver como evolui.
Bioética, sem comentários... mal começamos com as aulas.
Radio, temos teóricos duas vezes por semana e se aprende muito as sutilezas das imagens, de nada vale você ver um slide de uma imagem de um raio x de tórax por exemplo, mas se você tem um médico especialista pra te explicar todos os detalhes que ali se encontram tudo muda de figura, de um modo bizarro seria como você entender aquelas obras de arte que nunca entendeu porque são tão famosas e pra você não passam de uns rabiscos ou imagens feias rs mas depois que você entende oque aquelas imagens querem dizer tudo faz sentido.
Clinica Infectológica, por enquanto tive poucos teóricos dessa matéria e não avancei muito assim que não posso relatar algo relevante a respeito nem praticas tive, vou escrevendo esse post porque o quarto ano me toma tanto tempo que sei que depois mal vou ter tempo de escrever no blog. Mas oque se teve os teóricos dessa matéria até o momento eu gostei bastante. Graças as bases de parasitologia e bacteriologia no terceiro ano este que vos escreve se sente um pouco inclinado pra esta área da medicina.
Clinica Oftalmológica, é uma das matérias mais tranquilas até então, pouco tenho a dizer, os práticos meus amigos elogiam muito eu decidi fazer eles na segunda parte do curso de oftalmológia então pouco tenho a dizer sobre.
Clinica Ginecológica, essa foi a ultima matéria a começar, as aulas começaram em abril, mas pelo que foi exposto na primeira aula parece ser bem pesada, espero abordar ela em outra postagem com mais detalhes.
Saúde Mental, é uma matéria curiosa, muito abstrata, quando da o titular ela é toda falada, ele solta as definições ali mesmo no anfiteatro, sem escrever nada ou sem slide e imagem nenhuma, porém ele abusa de expressões corporais e gestos, aprendemos coisas bem abstratas mesmo que sabemos mas não sabemos definir como... Oque é percepção? o certo seria... É a capacidade consciente de captar um estimulo.
E varias outras coisas do tipo... Oque é arte? Oque é pensamento? Oque é um sorriso? E o professor vai ali andando no meio dos alunos no anfiteatro do hospital da universidade e perguntando interagindo bastante, algumas aulas são dadas pelos alunos ajudantes e o professor titular fica observando e interferindo quando necessário. São duas aulas semanais. Os práticos nos manicômios só são dados na segunda parte do curso.
E bem é isso por enquanto, ficou faltando bastante coisa pra relatar, mas eu quis começar logo porque algo me dizia que se eu não escrevesse agora tudo fresco eu ia acabar esquecendo e seria engolido pelo estudo. O quarto ano tem sido bem tenso, todos os dias no hospital uma aula atrás da outra e quando estamos em casa a preocupação por estudar é constante, muita cobrança por todos os lados, carga horaria pesada.. eu abandonei toda atividade paralela, medicina me toma todo o tempo integralmente, só o francês que eu insisto em cursar e aprender mesmo morrendo de cansaço é a unica coisa que me faz voltar ao campus da universidade duas vezes por semana (a partir do quarto ano o ciclo clínico é ministrado integralmente no hospital da universidade) com olheiras eu vou lá, vou indo pelo 3° ano de francês e não fosse minha vontade de atuar como médico na Africa acho que já o teria abandonado há muito tempo. Pese a todas as circunstancias eu estou curiosamente feliz até então. Quero ver quando chegar os parciais e provas rs. Me impressiona a quantidade de recursantes e todas as matérias! Minha comissão de semio por exemplo, dos 20 alunos conheço 4 o resto são todos recursantes! Me da um medo tremendo de acabar recursando, as vezes acho que é tanto conteúdo que penso, "vou acabar repetindo em alguma matéria... Será?