terça-feira, 30 de abril de 2019

Sexto e Ultimo ano, dada a largada do Internato!! (CLINICA MÉDICA)

ESCLARECIMENTO

Olá galera, faz muuuuito tempo que não escrevo no blog e peço desculpas, depois que terminei o quinto ano de medicina e entrei no limbo de exames finais que me fez perder o ano de 2018 inteiro para poder aprovar tudo! ... Eu me decidi a primeiro aprovar todos os exames e depois escrever 1 por 1 os posts, coisa é que no fim de 2017 comecei com o canal do youtube com a temática de viagens, e a verdade é que isso de editar videos me quita muito tempo! (E também é muito prazeroso escrever somente em português já que nos videos me esforço para escrever as legendas em pt, es e ing e isso muitas vezes é um saco! Escrever tudo denovo em outras línguas xD VIVA O NOSSO PORTUGUÊS). Bem... E o blog foi ficando para depois e depois e depois... Portanto, creio que não irei escrever sobre os exames finais, resumindo as matérias que me custaram mais do quarto ano foram, farmacologia básica o qual rendi 2 vezes, e clinica neurológica que rendi duas vezes também. E logo do quinto ano oque mais me deu dor de cabeça foi a matéria de obstetrícia a qual rendi 3 vezes antes de aprovar e terminar definitivamente com todas as matérias e ter acesso ao internato de medicina. Obstetrícia me custou tanto que somente aprovei ela no mês de setembro, perdi a oportunidade de aprovar ela em julho e assim começar o internato em agosto, porem não pude, fazer oque... Nesse ínterim voltei ao Brasil e trabalhei voluntariamente acompanhando um médico no município de Cotia na região metropolitana de São Paulo até viajar e etc e voltar a La Rioja no final de janeiro deste ano (2019). Então como as viagens e videos seguem a todo vapor vou saltar todos os exames finais, já que vejo que não recebem tantas visualizações e se você leitor quiser saber acerca de algum exame especifico dessa reta final da carreira de medicina, faça presente sua vontade no espaço de comentários abaixo que espero sanar sua dúvida e se forem muitas escrevo um post sobre a matéria em questão.

INTERNATO DE CLINICA MÉDICA

E começamos o internato, não sem antes esperar que se terminaram as mesas de exames de fevereiro para os últimos estudantes terem aprovado todos os exames e conseguirem a tão esperada qualificação para aceder a Pratica Final Obrigatória (PFO). Outra palavra para dizer internato ou rotação, já que rotam em 4 áreas da medicina. Então, eu conformo o grupo da PFO 31 que começou em fevereiro/março e vai até dezembro, e fazemos junto com a PFO 30 que começou em agosto de 2018 e terminará em agosto de 2019 onde começa o ciclo da PFO 32 e assim por diante... No começo todo o grupo de estudantes do sexto se une com o professor coordenador que no caso é o chefe de Pediatria Dr. Danon e ele explica como funciona o internato, os alunos são divididos em 4 grupos e cada grupo vai rotando nas areas, por exemplo no meu caso eu fiquei com o grupo 2. Que começa com Clinica Médica até maio, logo passa a Tocoginecologia (1 mês em obstetrícia e outro mês em ginecologia) até julho. Logo em agosto roto por Cirurgia e na ultima etapa roto por Pediatria.
Sem mais delongas logo comecei com Clinica Médica no principal hospital de La Rioja. O Hospital Vera Barros. Logo no primeiro dia somos divididos entre os professores em grupos menores de 3 alunos cada, alguns vão para posto de saúde ou hospitais privados no meu caso fiz tudo no H. Vera Barros que é o maior hospital de toda a província e é público. 1 mês passamos no internado e outro mês ficamos em consultórios. No internado, que fizemos primeiro, meu grupo (Eu brasileiro, uma estudante colombiana e outra argentina) fomos designados a ficar com o Dr Mercado. E creio que não poderia haver melhor tutor que esse homem. Preceptor de Clinica Médica, todas as manhãs íamos ao hospital, esperávamos ou auxiliávamos os residentes de clínica médica até as 9 da manhã hora que os guardas pediam aos familiares que se retirassem e começava a revista médica até as 11 da manhã. No nosso caso o Dr Mercado acompanhado de outro preceptor, dois residentes e nós internos, munidos de histórias clinicas passávamos de quarto em quarto, cama em cama e visitávamos todos os pacientes que pertenciam a esses médicos. Primeiro o residente apresenta o paciente, logo os preceptores avaliam e dizem oque deve ser feito, diagnóstico, tratamento e evolução. E nós internos mais vemos, falamos pouco e escutamos muito. No caso do Dr. Mercado era interessante a atenção que ele dava a nós internos, aos residentes e em especial ao enfermo. Examinava e colocava em prática a clínica e o exame físico e isso ajudou muito no aprendizado. Se tinha que ver algo, seja no paciente ou nas imagens era exibido ali para todos. E isso foi repetido religiosamente e segue sendo até hoje, imagino, todos os dias as visitas atendendo a todos, não importando se é jovem, velho, obeso, magro, presidiário, imunodeprimido, demente, ou louco a atenção sempre é dada a todos. Depois da revista de sala. O Dr. nos mandava a fazer histórias clinicas, para ele corrigir, isso na primeira etapa do internato com o passar das semanas e nossa pratica já eximia em histórias clinicas completas, o Dr. pedia para estudarmos um tema previamente, onde nos levava a uma sala no hospital e nos ensinava. Por exemplo Síndrome Ascítico Edematoso, depois de nos dar um tempo para ler em casa ao dia seguinte ele apenas ia perguntando qual a definição, prevalência, tudo... Como receber o paciente, qual o manejo dentro do hospital, o tratamento, remédios, doses, ou no caso de punção de liquido ascítico, quanto retirar e logo quanto repor de albumina para cada ml retirado no caso de se for muito liquido... Tudo que devemos fazer até a hipotética melhora e alta hospitalar do paciente. E assim foi com vários temas, como raios -X, EPOC, AVC, Eletrocardiograma e suas complicações e etc, tudo ali explicado e logo oque vemos na pratica.
Alguns dias o Dr se retirava mais cedo e simplesmente nos colocava a disposição de seu residente a cargo, se haviam tempo livre podíamos ficar na sala de médicos onde havia um clima de muito respeito e cordialidade entre todos um local que mesmo sendo estudante me sentia bem e não um estranho. A ficar ai sentados lendo prontuários médicos e evoluções de pacientes que chamassem a atenção ou senão estávamos a serviço do residente quando esse necessitava um auxilio oque passava quase sempre, e ai muitas vezes fazemos admissões de pacientes, no caso se os auxiliares estão ocupados levamos pacientes a exames, buscamos coisas no laboratório, controlamos exames de rotina buscando valores fora do comum, fazemos eletrocardiograma, ou gases em sangue. Aqui vale bastante o intercambio já que os estudantes se ajudam, nos meus primeiros dias me vi amparado pelos estudantes da Barceló que faziam o internato de Clinica Médica e já estavam a mais semanas e tinham maior experiencia, eles te ensinam o básico como um eletrocardiograma, como corrigir um eletrodo defeituoso etc. E assim gira no final do meu internato coincidia com o inicio do internato de estudantes da Barceló e eles começam sem saber nada e apreensivos, no meu caso tocou a mim a ensinar a eles a fazer eletrocardiograma, gases em sangue, e o engraçado é que me olhavam como se eu fosse um residente ou alguém com muita experiencia e dizia simplesmente que era igual a eles e que algumas semanas antes os mesmos alunos da Barceló haviam me ensinado os truques hahaha. Experiencias como essa fazem com que o companheirismo aumente, sobretudo dividir plantões. Ah os plantões! No nosso caso devemos dar 6 plantões de 12h em todo o internato. Eu fora escalado para dar plantões aos sábados, oque tem seu lado bom e ruim. O bom é que não há ninguém no hospital no sábado então as praticas caem todas nas nossas mãos e o ruim é que você perde um sábado inteiro, coisa que uma pessoa que faz o plantão durante a semana, sempre tem um final de semana para gozar em vida social. No começo gostei depois achei tremendamente injusto eu trabalhar um dia a mais e tratei de fazer meus plantões durante a semana também na reta final do internato nessa área. No fim meu internato foi todo no setor de internado, porque quando passei a consultório externo minha tutora era uma péssima médica, íamos cedo ao seu setor e ela dizia para irmos ao internado acompanhar os preceptores e nada de praticas com ela no consultório, a sensação que tinha era que era alguém indesejado e que queriam se livrar de nós internos. As vezes que ia até seu setor para assinar minha presença a surpreendia no celular ou tomando chimarrão jogando conversa fora, assim que meu respeito por ela foi la embaixo e já no final das contas meu pequeno grupo de internos fazia pouco caso dela e buscávamos fazer as praticas por nós mesmos no hospital, e é assim no internato as vezes te tocam tutores sensacionais e excelentes como o Dr. Mercado e médicos como esse que não vou citar o nome e que não te agregam em nada na sua formação. Fora isso as sextas ferias tínhamos aula com o chefe de Clinica Médica, Dr. Sosa que vinha desde Córdoba e dava aulas larguíssimas de em média 7 horas com paradas minimas de 15 minutos para comer, mas que ensinou sempre com entusiasmo e colocando os alunos para cima. Junto a ele fizemos duas provas simples e depois de entregar muitas histórias clínicas que ele exige ganhamos a aprovação do internato.

Na minha visão oque eu senti é que, oque diziam do internato é verdade, se você quiser aprender você vai atrás, ninguém vai ficar atrás de você te cobrando, sua consciência é seu juiz. No começo eu detestava ter que fazer histórias clínicas de pacientes confusos, mentirosos ou pouco fidedignos ou indiretas, onde você indaga o parente do paciente, tinha terror de que em um exame me tocará um paciente que não cooperasse ou nas características anteriores, porem fiz tantas histórias clínicas, aprendi tanto seja de professores ou residentes que já o final me sentia super seguro não importando que paciente fora, essa segurança sem dúvidas me trouxe a experiencia diária que adquiri nesse internato e que com certeza me fez aprender muito. Você que lê isso não faz ideia das varias experiencias que só com um fechar de olhos me vem a cabeça e a memória e que eu vivi no hospital nesse período de tempo, a citar algumas, preparar carrinho  e acompanhar o desenlace e complicações de um acesso venoso central, que as enfermeiras te chamem e esperem oque fazer enquanto um paciente se debate violentamente tendo um ataque epiléptico até se acalmar com um benzodiazepínico endovenoso, fazer uma aspiração bronquial, a primeira vez que fazemos gases em sangue, presenciar casos floridos que além de incomuns, parecem saídos de seriados médicos norte americanos onde o paciente parece que tem um sindrome que caracteriza uma doença x e do nada ele começa com outros sintomas que enquadram ele em outra doença completamente diferente, e logo vão surgindo coisas sem pé nem cabeça mas que a equipe de saúde tem que resolver e estabilizar kkkk e varias outras experiencias.