sexta-feira, 30 de maio de 2014

Estudando sob pressão durante todo o mês de Maio

Venho relatar como foi a época de provas.
O primeiro parcial a vir foi o de parasitologia no dia 12 de maio.
Os temas até então eram sobre os protozoários e grande parte de vermes de interesse médico.
Vou detalhar o parcial oque pode ser enfadonho pra uns e interessante pra quem é estudante de medicina ou afins pra ter uma ideia de como foi. A avaliação consistiu de 10 perguntas 'al azar' acerca do tema que citei,o tempo é de 40 minutos pra responder, as perguntas são de caráter dissertativo e para mim foram as seguintes.
1.Seguimento serológico pra mulher grávida com toxoplasmose.
2.Quem é o hospedador definitivo de paludismo (febre amarela) e porque?
3.Desenhe um cisto de Giardia e suas medidas.
4.Quais são os elementos e vias infectantes de: Isosporíase, Teníase, Ascaridíase e Enterobíase
5.Leishmaniose. Como se adquire e elemento infectante.
6.Mecanismo e via de infecção de Chagas.
7.Quais são as formas de reprodução de protozoários.
8.Conceito de Cisticercose e como se adquire.
9.Clinica de enterobíase
10.Quais são as complicações de ascaridíase?
Eu soube responder todas as questões menos a primeira, não me lembrava de nenhuma forma no exame como era o gráfico das imunoglobulinas. mas no geral fiquei animado, pra mim eu já estava aprovado era só esperar o resultado. Tranquilo com parasito na mesma semana era turno de mesas finais na universidade e eu ia tentar finalizar a matéria do ano passado, saúde pública dois cuja prova final é oral acerca de todo o tema da matéria. Eu podia deixar pra lá, tentar em outro turno e me dedicar a estudar patologia pois o exame já era na outra semana e eu tinha que estudar toda a matéria dada até então, nada mais que uns centenares de páginas. Mas decidi tentar eliminar logo Saúde Publica 2 pra evitar dores de cabeça futuras e pra não deixar acumular mais e mais matérias. Estudei firme nos outros dias da semana e consegui finalizar e me sair bem no exame. Numa manhã super fria já dando o prenuncio do inverno que vem chegando eu rendi o exame no segundo módulo da universidade com a  professora Glatstein que me deixou muito a vontade, diferente das professoras de Saúde 1 ela foi muito mais maleável comigo, ela aceitava minhas respostas ditas do meu jeito, sem memorizações, e caso eu começasse a me equivocar ela intervinha e me auxiliava, por exemplo ela me perguntou quais eram os princípios de atenção médica, e eu ia dizendo. 'Equidade' (e desenvolvia exemplos pra cada um), 'qualidade', parava pensava... pensava em atenção escalonada e dai me vinha mais um princípio de atenção, 'Oportunidade'. Até que travava e tentava me lembrar e ela me ajudava perguntando. E como tem que chegar em um paciente? Eu pensava e respondia 'Integralidade'  Em momentos que eu não fluía, com perguntas ela indiretamente me ajudava a lembrar oque eu estudei como citei acima por exemplo. Fora isso ela me perguntou sobre estrutura de hospitais, aprofundou bastante em vacinações e finalizou com conceitos de epidemiologia. Embora foi tranquilo no meu caso, de uns 15 alunos só 3 aprovaram.
Tirando Saúde tive um grande alívio, menos uma!
Com o tempo apertado e a avaliação semanal de parasito na segunda e o parcial de pato na quarta eu decidi dar prioridade pra parasitologia e estudar ela no fim de semana. Parasitologia é minha maior preocupação no terceiro ano porque por bobagens você pode ficar livre e complicar toda sua vida no 4° ano já que é uma matéria chave pra ter acesso as matérias que virão ano que vem. Estudei e rendi o exame de parasitologia e fiquei com o tempo super limitado de 1 dia e meio pra estudar todo o conteúdo dado até então de Patologia a essa altura eu sentia até um certo desgaste mental de tanto estudar. Fiz o exame mais pra lá do que pra cá e finalmente respirei na quinta fazendo todas as lições de cursos de idiomas acumuladas. Na sexta saiu o resultado. Reprovado no exame de patologia. Ok... dava pra recuperar, na semana seguinte já seria a prova oque significaria mais e mais estudo pra mim em um período restrito. Passei o final de semana todo estudando, já ia pra três semanas sob ritmo intenso e pressão. Na segunda feira a professora divulgou as notas do parcial de Parasitologia eeee... eu reprovei. Na hora eu não acreditei. Tive a sensação de levar um soco no estômago. Não caia a ficha... eu reprovei nos dois parciais mais importantes de uma vez, estava com a corda no pescoço faltando quase nada pra repetir de ano. E o pior de tudo foi que eu estudei pra caraco! Em nenhum momento fiquei atoa. E mais pior ainda que era parasito a matéria que mais fazia esforço para andar nos eixos. Eu pude ver minha prova e no meu julgamento minhas respostas estavam bem feitas, mas a professora Paez, que corrigiu, era severa demais na correção. Por exemplo na questão 5 que citei acima, (Leishmaniose. Como se adquire e elemento infectante.) Eu respondi com todo cuidado que se adquiria no ato da picada do mosquito de gênero fêmea Lutzomyia nas americas ou Phlebotomus no velho mundo, e no ato ele regurgitava o parasito na picada, e ela anulou a questão porque eu escrevi parasito e o certo pra ela seria "Promastigote". Eu respondi 'parasito' porque queria evitar citar todas as sub-espécies de protozoários que podem causar Leishmaniose seja cutânea seja visceral (Ex. Leishmania brasiliensis, L.peruviana, L.donovani, L.tropica e mais outras 15) que são várias e eu obviamente não me lembro de memoria. A questão sobre desenhar o cisto de Giardia, eu desenhei impecável e coloquei a medida de aproximadamente 10 micrômetros, ela anulou porque eu não sinalizei o cisto, que tem 4 núcleos embora estivessem la bem visíveis no desenho, parede de cistos etc etc, em todas as questões por mais que estivessem corretas ela achava um defeito e anulava. Nunca bato de frente com professores porém, quis justificar todas minhas questões com prova em mãos e de frente a Dra. Paez, mas com ela não adianta, não existe posição horizontal de professor/aluno, é vertical e se insistir, ela parte pra estupidez. Ao terminar de ver meu exame agradeci e me desculpei se gerei algum inconveniente. Ao guardar o exame ela me deu conselhos de como devo estudar a matéria e me garantiu que não me perseguiria e que não tem esse perfil como professora.

 O resultado da prova me desestabilizou totalmente, eu só pensava que ia repetir, que ia perder um ano, considerava toda hora em desistir, abandonar e recomeçar ano que vem, voltar pro Brasil pelo resto do ano, e trabalhar pra tentar minimizar os gastos da minha mãe comigo até então, porque ela trabalhou todo esse período e agora mesmo enquanto você lê este texto provavelmente ela está lá trabalhando pra me manter. Eu continuei estudando patologia nos dias seguintes, mas meio que já estava me entregando, com a moral muito baixa, se eu falhasse já seria um baita golpe, ficaria na condição de livre perderia o acesso as aulas práticas, parciais futuros, o grau do exame final nessa condição se tornaria muito mais difícil de se aprovar e não me garantiria acesso ao quarto ano de medicina, ou seja, estaria tudo encaminhado pra repetir. Mas em meio a tanta pressão eu me tranquilizei mais ainda, dizia pra mim mesmo que se reprovasse de fato... Era a vida né? Afinal eu não tive capacidade e teria que voltar a fazer tudo novamente no ano que vem, trabalharia pra repor os danos, era um ano de vida perdido, mas fazer oque? Simplesmente seguir em frente. Não seria o fim do mundo. Fiz o recuperatório na quarta feira, achei muito mais difícil que o parcial, com 'perguntas armadilhas'  muitos conceitos pra completar por escrito, saiu o resultado e eu me safei até com uma nota alta, oque não acreditava até então. Recuperei Patologia! Agora falta ir conduzindo o terceiro ano e me preparar pra o fim de junho quando vou ter que render parasitologia novamente no segundo parcial e ter de recuperar o primeiro.
Uma observação a acrescentar a postagem e que pode explicar meu baixo rendimento nos exames talvez seja a saturação de atividades paralelas aliadas a medicina em si. Faço aulas de segundo nível de alemão e de francês, pratico dança folclórica na universidade e frequento a academia, isso porque não conseguia encaixar artes marciais ai rs. Enquanto isso meus amigos todos sem exceção fazem aulas particulares de reforço nas matérias de medicina. Eu não aprovo isso, porque prefiro extrair os conhecimentos das aulas já dadas e dos livros e investir meu dinheiro em cursos de idiomas ou atividades que me enriqueçam culturalmente. Alguns amigos dizem que eu sou orgulhoso e que devo começar a fazer as aulas particulares, que se o fizesse não teria esses problemas. E ai que está, tais problemas me fazem refletir... Porque fazer aulas particulares? Há duas justificativas. Primeira. A universidade é fraca, não dá aulas suficientes e por isso os alunos partem pra aulas de reforço. Ou a segunda, o nível de ensino da faculdade é alto e rigoroso a ponto de fazerem os alunos terem de apelar pra aulas de reforço pra manter a excelência acadêmica requerida pelos professores.